A Falecida- - - Nelson Rodrigues

      A obra intitulada "A Falecida", é uma tragédia carioca, considerada como um grande marco na obra do escritor Nelson Rodrigues (Leia mais sobre ele). Rodrigues passa nesse momento a representar a vida como ela é, em uma tentativa de reproduzir o subúrbio do Rio de Janeiro, fazendo uso de gírias e discussões existenciais sobre assuntos sem profundidade, assuntos que não buscam um crescimento pessoal, mas sim apenas passar o tempo, como por exemplo discussões sobre partidas de futebol. 

     A historia se passa nos anos 50 na Zona Norte do Rio de Janeiro. Agora Nelson muda o modo como seus personagens aparentam, ele representa o cotidiano vulgar dos brasileiros, descrevendo por exemplo, o cotidiano de quem não tem dinheiro ou das doenças que começam a aparecer com uma certa frequência em suas novas peças.



     Primeiramente na obra "A Falecida", o autor deixa explícito que ele quer mostrar a tristeza e o pessimismo inegáveis da vida humana. Sendo assim, a ironia e o deboche são muito marcantes, e a visão do autor é extremamente pessimista, como se no fim tudo fosse sempre dar errado. Essa foi a primeira, de muitas vezes, onde Rodrigues coloca pessoas frustadas e aparentemente fracassadas como protagonistas.


Enredo

     'A Falecida' conta sobre Zulmira, uma mulher frustrada que mora no subúrbio carioca sofrendo de tuberculose, o autor, inclusive, utiliza uma expressão repetida várias vezes durante a obra, a fim de deixar claro o estado de saúde de Zulmira, 'a tuberculosa Zulmira'. Ela já não vê nenhum tipo de expectativas para a sua vida, pobre e doente, seu único desejo é um enterro de luxo. Também quer se vingar de Glorinha, esta, que na verdade é sua prima e vizinha, não a cumprimenta mais quando elas se encontram na rua. Zulmira tenta vencer sua prima em tudo, como se fosse uma especie de competição, checando ao ponto de ficar feliz quando descobre que o motivo da constante seriedade de Glorinha é fruto de um seio arrancado por causa do câncer.
     O marido de Zulmira, Tuninho, está desempregado e gasta tudo o que  lhe sobrou da indenização jogando e discutindo sobre futebol. 
     Quando a protagonista está quase morrendo, ela pede para que Tuninho procure o milionário Pimentel, para que este dê dinheiro, 35 mil contos, que serão usados para pagar o enterro  dela, entretanto, nessa época um enterro não custava assim tão caro, era em média 1 conto. Zulmira faz questão de não contar nenhum detalhe sobre isso e muito menos informar como ela o conheceu, apenas diz para Tuninho se apresentar como primo dela.
     Quando Tuninho chega na casa de Pimentel, ele acaba descobrindo que os dois eram amantes. Durante a conversa, sem conhecer quem era Tuninho, Pimentel revela o porque de seu caso com Zulmira. Ela na verdade sentia ódio por seu marido desde a lua de mel, pois ele lavou as mãos depois do ato. Pimentel também conta sobre como os dois se conheceram, em uma sorveteria, no banheiro feminino, enquanto Tuninho estava do lado de fora. Tuninho consegue pegar o dinheiro e até um pouco mais do que o valor combinado depois de ameaçar ir aos jornais contar sobre o caso dele com Zulmira. Depois disso, Tuninho compra o pior caixão que ele encontra em uma funerária e realiza um enterro muito ruim à Zulmira, que falecera. Então, o personagem vai até o estádio do Maracanã, onde termina gastando e apostando todo o dinheiro em um jogo do Vasco.

     Algo que é citado durante a história, é que Zulmira entende após um tempo, o porque de sua prima Glorinha não gostar dela, pois em um dos encontros dela com Pimental, sua prima os viu de mãos dadas e ficou assim desde então.  

     No final da peça, Zulmira foi enganada, pois até mesmo depois de sua morte, no momento da realização de seu único desejo, acabou sendo enterrada no caixão mais barato da funerária, reforçando a ideia de que tudo inevitavelmente dará errado no final.

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Edson