Iracema - - - José de Alencar

"Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba [...]" É com essa palavra que o autor do livro, José de Alencar, começa o livro "Iracema", que ele diz que é a "Lenda do Ceará".

Esse livro trata-se de um romance se nós consideramos o seu enredo, mas se considerarmos outro ponto como por exemplo o estilo, em que predomina o lirismo amoroso e a exploração do vocabulário indígena no português falado no Brasil podemos dizer que é um poema em prosa.

O texto é bem curto, com cerca de 80 páginas nas edições mais recentes. Mais o enredo até que é recheado, bem ao gosto do Romantismo, que era a escola literária da qual José de Alencar é um dos e maiores escritores do Brasil.

No começo da história o guerreiro branco Martim Soares Moreno, que era amigo dos índios pitiguaras, que moravam no litoral,e ele estava andando pelas matas e acabou se perdendo e foi encontrado por  Iracema, a deslumbrante virgem, filha do pajé Araquém, da tribo dos tabajaras(que era inimiga da tribo dos pitiguaras), que também moravam naquela região.

Mesmo que eles eram de tribos rivais Iracema o levou para sua tribo, lá ele foi recebido como hóspede e amigo. Quando ele ficou sabendo de que haveria em poucos dias na tribo uma celebração que os tabajaras fariam a seu grande chefe Irapuã, que iriam comandar os índios em uma batalha contra os pitiguaras, Martim resolveu fugir. Iracema não deixa ele ir embora pedindo que espere a volta do irmão dela, Caubi, que poderia guiá-lo pelas matas para que ele não se perdesse novamente.

Aos poucos, Iracema e Martim, se apaixonam e então a situação se complica, pois Irapuã também era apaixonado por Iracema e assim que ficou sabendo do amor entre os dois tentou matar Martim quando ele já estava deixando a aldeia,(Martim estava deixando a aldeia porque ele tinha descoberto que a  Iracema, por ser filha do pajé e a guardiã do segredo da jurema, deve permanecer solteira).

No entanto, a união entre eles é consumada em uma noite na qual Martim, em sonho, imaginou possuir Iracema, sendo que ela de fato se entregou a ele. Então quando Martim decide fugir de Irapuã e dos tabajaras, Iracema lhe revelou a verdade e então sugeriu que ele fosse embora junto com ele. Ambos partem para encontrar Poti, chefe dos pitiguaras, que considerava Martim como seu irmão. Foram seguidos por Irapuã e os tabajaras, e isso acaba gerando um conflito entre as duas tribos adversárias(tabajaras e pitiguaras).

Depois da batalha os tabajaras perdem, e ainda que estivesse sofrendo pela derrota e pela morte de muitos dos seus, Iracema vai com Martim e passa a viver com ele na tribo de Poti. Conforme o tempo passa, Martim se mostra desinteressado por Iracema, pois ele parece que tem saudades da civilização de onde ele veio, mas também sabe que não pode levar Iracema junto com ele para lá. No mesmo momento, Martim - que agora já tinha seu nome indígena, Coatiabo - luta em diversas batalhas, enquanto Iracema engravida de um filho seu. Mas mesmo esperando um filho, a índia  ainda sofre as constantes ausências de seu marido.

 Assim que Martim volta de uma batalha, ele encontra Iracema com seu filho -que ele chamou de Moacir, que significa "o filho do sofrimento". A índia estava muito fraca e só teve força de entregar o filho ao pai e pedir que ele enterrasse ela aos pés de um coqueiro de que ela gostava muito. O lugar onde Iracema foi enterrada passou a se chamar Ceará - segundo a tradição, Ceará significa canto da jandaia, a ave de estimação de Iracema.

Sofrendo muito depois da morte de Iracema, Martim retorna a sua pátria com seu filho. Quatro anos depois, volta novamente ao Brasil, onde ajuda a implantar a fé cristã, e converte Poti, que recebeu o nome de Felipe Camarão.


Do cruzamento das duas raças - o europeu e o índio - nasce o brasileiro e essa obra é uma expressão do Indianismo que caraterizou a primeira fase do Romantismo no Brasil pois no ano da publicação do livro o Brasil completava 43 de independência (1865)e era preciso então valorizar as raízes e a  história, para  se firmar como nação livre e soberana.


Muitas curiosidades podem ser encontradas nesse livro, como por exemplo o fato de que o nome do livro Iracema é um anagrama da palavra América (se você inverter IRACEMA encontramos AMECARI e invertendo as duas ultimas sílabas temos AMÉRICA) para alguns críticos esse anagrama é de propósito, pois o livro se trata da história da colonização americana pelos europeus.
Temos também a relação do casal como sendo uma alegoria da formação da nação brasileira, a Iracema seria o Brasil, que representa a natureza virgem e a inocência, enquanto que o Martim representa a Europa, o colonizador. Atraves do união entre os dois surge a nação brasileira (representado  simbolicamente pelo filho do casal Moacir)


Para saber mais sobre José de Alencar clique aqui, e veja tambem um pouco mais sobre Iracema em vídeo.

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Edson